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Experiências em período de isolamento de 04.2020 a 11.2020

A série "Existências Mínimas" participou da exposição virtual "No  me mires, no me toques!" em Lima, Peru, 04.2020

Os demais trabalhos, em processo, estão expostos no Espaço Vitrine desde

05.2020

​​No início do isolamento a vida ganhou outra espessura. As miudezas, as coisas mínimas, desimportantes, ganharam realce dentro de casa: a incidência da luz nas cascas coloridas das cebolas, dos alhos, das cascas quebradas dos ovos usados. Na janela, a luz brilha sobre os legumes e frutas que são colocados para secar. O trabalho anteriormente realizado no espaço público foi substituído pela janela, como espaço de fronteira entre o privado e a cidade. As janelas tornaram-se o espaço público possível. 

​Esta serie foi exibida como "Existências Mínimas" em exposição virtual No me mires, no me toques! Espectro viral del siglo XXI em maio de 2020, Lima-Peru.

​A partir do final de abril, decidi me mudar para o ateliê e viver imersa em uma residência artística. Já não tinha as janelas do apartamento de onde se vê a cidade do alto, passei a ter uma janela| vitrine com a vista de menor alcance, mas aterrada ao chão. Aqui ampliei a sustentação de pequenas ações para a travessia do estado de isolamento. 

“a pele dos dias" são resíduos, existências mínimas, desimportantes, como camadas de peles de cascas de alho, cebola e ovos, que desvelam os dias espessos. Desde 05 de maio estes resíduos são fixados  nas paredes do Espaço Vitrine. ​“a pele dos dias” vem crescendo e se tornando uma exposição. De um lado do espaço Vitrine (uma pequena galeria dentro do ateliê), a pele dos dias e como a vida se desenha - dois conjuntos de desenhos, são pequenas ações sustentadas no micro, no cotidiano, que ajudam a compreender o macro.

​"O silêncio do ovo", inspirado no conto O ovo e a galinha de Clarice Lispector.

​“como a vida se desenha” –  desenho com cascas de ovos e folhas de coração de bananeira. Esses resíduos são matérias vivas em estado de mudança, de movimento contínuo em transformação ininterrupta. É um modo de sustentar, com a vida da matéria, o isolamento social imposto pela pandemia.

​Em outubro, as esculturas fundidas em ferro feitas em 1998, encontraram lugar no espaço Vitrine sobre caixotes usados na feira semanal da rua abaixo do ateliê e junto com os desenhos de matérias orgânicas. Dois tempos 1998 e 2020 no mesmo espaço expandindo modos de apresentação das inquietações. A vida, entre coisas grandiosas e pequeninas, continua em fluxo...

​Anotações na parede: O silêncio do ovo | ovo visto ovo perdido | ao ver o ovo é tarde demais | a gente não sabe que ama o ovo.

Estes são trabalhos em processo, são modificados, acrescidos, repensados, estão em elaboração cotidiana.

Existências Mínimas

a pele dos dias

O silêncio do ovo

como a vida se desenha

exposição Espaço Vitrine

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