press release
Monumento Mínimo: arte como emergência
Exposição adensa materiais de trajetória de dez anos da intervenção urbana, carro-chefe da artista plástica Néle Azevedo.
Monumento Mínimo é o carro-chefe da artista mineira Néle Azevedo. Trata-se de uma ação urbana que ocupa espaços abertos e históricos, com pequenas esculturas de gelo “lembrando a efemeridade e resistência do homem comum, anônimo, na contramão dos monumentos como os conhecemos”, explica a artista.
Desde 2005, Monumento Mínimo vem acontecendo em diversas cidades da Europa e América Latina como Birmingham (Inglaterra), Paris (França), Berlim (Alemanha), Florença (Itália), Stavanger (Noruega), São Paulo (Brasil), Santiago (Chile), Lima (Peru).
Em 2016, depois de ganhar consistência e de ser visto e comentado por pessoas e imprensa nacional e internacional, esse trabalho é tema de exposição em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade, instituição da Secretaria do Estado de São Paulo. Intitulada Monumento Mínimo: arte como emergência, tem a curadoria de Priscila Arantes e está aberta para visitações até o dia 28 de janeiro de 2017.
A mostra é apresentada em três núcleos: a ativação da intervenção urbana Monumento Mínimo dentro da Oficina; o percurso do Monumento Mínimo pelo mundo; e a inclusão do projeto Memórias Resistentes, Memórias Resistentes de Luis Felippe Abbud.
Reúne registros em vídeos e materiais impressos, além das próprias esculturas, que ficam expostas e conservadas em um freezer vertical. “Nesta nova experiência existe o fato de que o sistema de resfriamento do freezer retira a água do gelo e as esculturas vão se transformando lentamente. É um processo de desaparecimento mais devagar e sem rastros.”, diz Néle. E continua: “Diferente das intervenções nas ruas, onde podemos assistir ao derretimento das esculturas e o redesenhar delas, esse processo é visível porque presenciamos a mudança de estado da água: ela escorre e deixa um vestígio, mesmo que breve. Nesse sentido esse lento desaparecer dos corpos dentro do freezer é mais cortante que assistir o derreter nas ruas. Não vemos o derretimento, mas um lento desaparecer sem rastros.”.
A exposição também abriga, por afinidade com o conceito do Monumento Mínimo, trechos do projeto “Memórias Resistentes, Memórias Residentes”, uma publicação realizada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo e baseada em uma ampla pesquisa desenvolvida pelo Memorial da Resistência de São Paulo.
Com conceituação e direção de arte de Luis Felipe Abbud, a publicação é dedicada a apresentar lugares de memória situadas em São Paulo que carregam a história de resistência à repressão de estado sistematizada ao longo de toda ditadura civil-militar brasileira (1964-85), e nesta exposição temos quatro lugares de memória (de resistência e de tortura) no Bairro do Bom Retiro, ao redor da Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Monumento Mínimo: arte com emergência
Abertura: 29/10/2017 – sábado – 11h às 18h.
Visitação: até 28/01/2017 – segunda a sexta-feira – 10h às 20h30 | sábados – 10h às 18h.
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro
Telefone: (11) 3222-2662 / 3221-4704
oswalddeandrade@oficinasculturais.org.br
Funcionamento: Segunda a sexta das 9h às 22h e aos sábados das 13h às 21h.
Trajetória do Monumento Mínimo
Néle realizou a primeira intervenção no espaço urbano denominada Monumento Mínimo com uma multidão de pequenas esculturas em gelo, colocadas com a participação do público, na Praça da Sé (SP), em 7 de abril de 2005.
Desde então, este trabalho que se coloca como uma leitura crítica do monumento nas cidades contemporâneas ganhou o mundo. Em uma ação de poucos minutos, as características dos monumentos oficiais diretamente ligados ao poder são invertidos: a escala é mínima, não há pedestal nem hierarquia, a homenagem é dirigida aos anônimos, aos homens e mulheres comuns e os corpos desaparecem nas cidades numa experiência compartilhada. A memória fica inscrita no sujeito que presenciou a intervenção e registrada em fotos e vídeos.
As intervenções começaram com figuras solitárias, mais tarde, uma multidão de pequenas esculturas de gelo foi colocada em espaços públicos de várias cidades. Embora originalmente concebido como uma crítica aos monumentos nas cidades, ambientalistas adotaram o trabalho como símbolo das mudanças climáticas, despertando interesse para além do círculo da arte contemporânea.
Foram realizadas 19 grandes intervenções em cidades de diferentes países como, por exemplo, França, Alemanha, Itália, Noruega, Chile, Peru, Inglaterra. Em Birmingham (UK), por exemplo, 5.000 esculturas ocuparam toda a praça Chamberlain, em agosto de 2014.
O reconhecimento da imprensa internacional foi massivo em diversas intervenções, especialmente em Gendarmenmarkt-Berlin, em setembro de 2009, quando as imagens do Monumento Mínimo foram matéria/capa de mais de 230 de jornais no mundo e, em Birmingham, com cobertura da BBC nacional em 2 de agosto de 2014.
Além do Monumento Mínimo estar incluído em diversas publicações internacionais e inserido na história da arte urbana contemporânea, em junho de 2016, a revista suíça The Cultural Trip o elegeu como um dos 10 trabalhos de arte temporárias mais impressionantes, ao lado de Damien Hirst, Yoko Uono, Joseph Beyus, entre outros, que estão listados aqui: 10 Mind-blowingTemporaryArt Works .
Em outubro de 2016, duas editoras internacionais lançaram livros de arte incluindo o Monumento Mínimo ao lado das obras de AnishKapoor, Richard Serra, OlafurEliasson, entre outros. A Editora ROADS, de Dublin, na Irlanda, publicou “ArtInstallations – A Visual Guide de DanielleKrysa e TANA éditions de Paris lançou StreetArtJeuxéphémères, de Sophie Pujas.
Sobre a artista
Néle Azevedo nasceu em Santos Dumont (MG). Vive e trabalha em São Paulo. É mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em 2003. Desde 1998, atua no campo das artes visuais e realiza exposições individuais, coletivas e intervenções no espaço urbano. A partir de 2002, deu início, em São Paulo, ao projeto de intervenção urbana Monumento Mínimo, tendo como eixo de discussão os monumentos públicos. Foi realizado em 18 diferentes cidades de diversos países como Itália, Portugal, França, Alemanha, Reino Unido e Holanda. Este projeto foi eleito como um dos dez mais arrebatadores trabalhos de Arte no mundo, segundo a revista suíça The CultureTrip.
Sobre a Oficina Cultural Oswald de Andrade
A Oficina Cultural Oswald de Andrade foi a primeira a ser criada pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Foi inaugurada em 1986, com o nome de Oficinas Culturais Três Rios, no bairro do Bom Retiro. Desde o início a Oficina trabalha com a formação de recursos humanos para a cultura, com atividades para jovens profissionais, nas mais diversas áreas, tais como, artes plásticas, cinema, dança, design, fotografia, história em quadrinhos, literatura, música, rádio, teatro e vídeo. Foi pioneira na implantação da nova metodologia de formação cultural, que concretiza propostas de programações que envolveram artistas, técnicos e pesquisadores no formato de cursos, oficinas, workshops, seminários e núcleos de produção.
Néle Azevedo
tel.: 97674 4476
Mais informações: